Ou “Ainda tá tudo bagunçado e o pessoal tá trabalhando de casa, mas logo voltamos”
Costumamos comentar que as grandes decisões na Libre são tomadas quando precisam ser tomadas. Nem antes, nem depois. Da primeira mesa da criação, que mandamos fazer sem saber ao certo se poderíamos pagar, ao ar-condicionado, com cada suado centavinho sendo contado pra não atrasar parcela. Da decisão da primeira contratação até a compra de um computador topdasgalaxias que o Jeferson pagou, SEM QUERER, à vista no cartão e que quase levou as sócias ao pronto-socorro (mas deu tudo certo no final).
Em 2020, comemoramos 6 anos de casa Libre, sempre nessa toada. Antes disso, trabalhávamos em home office. Primeiro, cada um na sua casa. Depois, na edícula da casa dos pais do Jeffs. Até que, em 2014, os pais dele se cansaram de ver nossas andanças e ofereceram a primeira casa da família para que firmássemos nossas raízes. Uma linda casa construída na década de 1970, com um nobre assoalho de cabreúva, quintal fértil e paredes recém-pintadas de branco para receber nossa liberdade multicor.
Aos poucos, reunimos peças com as nossas nada minimalistas personalidades. Livros, souvenirs de viagens, brinquedos de infância, aparelhos que mostram a evolução da tecnologia da década de 1990 pra cá (muitos celulares, câmeras de fotografia, máquina de escrever, telefones). Cada pessoa que passou por aqui deixou um ou mais objetos, o que já virou tradição. Não há bonequinho sequer sem história pra contar.
Acumuladores: episódio Libre
Só que, depois de 5 anos, acabamos acumulando muitas coisas. A primeira meta do recesso de fim de ano era deixar algumas delas para trás. Avisei a todos que coisas seriam jogadas fora. E realmente não disse quais. Quilos e quilos de lixo reciclável e lixo eletrônico foram tirados da Libre.
A vontade de arrumação cresceu, compramos caixas organizadoras, Marie Kondo ficaria orgulhosa. Arrumamos meticulosamente a cozinha, com direito a colocar os temperos em potinhos identificados por nome. A sensação de limpeza e de dever cumprido combinaram muito bem com o fim de 2019.
Só uma parede
A organização reavivou o desejo antigo de ampliar o espaço da criação. Resolvemos, enfim, quebrar a parede que estávamos há quatro anos sonhando em derrubar. Em breve, a família Libre vai crescer e nossos luchadores precisam de um ringue maior.
Dois dias de trabalho, disse Carlos, o pedreiro. Até aí tudo bem. Só que parede quebrada também precisa de pintura, e um cômodo virou a casa inteira, a fachada, o muro, a lixeira, uma ilustração de 6 metros de largura na entrada da agência. A realização do diretor de criação que queria levar às paredes e portas o que transbordava da mente.
“Que cor vai ser?”, ingenuamente pergunta Gisele. Um grande KKKKKKKKKKKKKKKKK: ao todo, 10 cores diferentes passaram a fazer parte da decoração. (Um abraço pra Silvana, vendedora da Central Tintas, que teve toda a paciência do mundo enquanto Jeferson e eu discutíamos, com a seriedade dos grandes temas, se a cor ideal Curry, Pimenta Cítrina, Mercado da Índia, Estrela Ardente ou Periquito.
O assoalho de cabreúva
Se você tem piso de madeira, sabe que ele é lindo. E que precisa de cuidados. E que, eventualmente, você vai encontrar uma mancha que não estava ali ou enfrentar a não tão dura realidade de que cupins comem madeira. Também pode descobrir que, ao derrubar uma parede, esse piso pode ter mais risco que esquemas de pirâmide financeira.
O que já cogitávamos há meses era mais necessário que nunca. Aí, já que já tava fazendo mesmo (o mantra de toda reforma), resolvemos fazer o tratamento do assoalho, que consiste em lixar a madeira e aplicar verniz (vulgo sintecar), processo que se repete ao menos cinco vezes.
“Uns três dias, no máximo quatro” sem que ninguém pisasse no assoalho, disse Fernando, do piso. Os móveis já estavam afastados, então era só tirar do chão o que era menor, cobrir todas as coisas para que o pó fino não se encalacrasse nos objetos e ser feliz.
Só que não deu tempo de cobrir, só de amontoar.
Foram 7 dias de trabalho no assoalho. Os móveis e objetos pequenos, que haviam sido empilhados rapidamente por conta da pressa, ficaram cobertos por uma densa camada de desespero. O teclado do computador que a Dani usava não resistiu e teve que ser sacrificado.
A limpeza intensa foi feita ora por 4, ora por 10 mãos, quase sempre madrugada adentro. Na última lida da máquina de lavar, foram contabilizados 27 panos de limpeza, fora os Perfex que não sobraram para contar a história.
A luz de Adão
Adão, o eletricista, foi chamado às pressas. Ao menos, 3 vezes. Para realizar o sonho da realocação ideal dos móveis e utensílios, puxou tomada, tirou fio, pregou TV, instalou luz até na churrasqueira (chega de gambiarra na Festa da FirmaTM). Adão não verbalizou, mas é certo que não deseja aparecer na Libre pelos próximos meses, com medo de encontrarmos mais um canto em que é absolutamente necessária a instalação de cinco tomadas, uma régua e, quem sabe, uma fonte de luzes neons dançantes.
Gatos, bichos de rotina
Depois das férias e da carência acumulada, os gatos ficaram apavorados com a aparecimento de pessoas desconhecidas e com os barulhos da obra. Foram levados para passar uma temporada no apartamento da Gica. Elegeram o forro do sofá como abrigo seguro e saíam de lá apenas para depositar quilos de pelo também em outros cômodos.
No retorno, depois de várias voltas com ares desconfiados, aceitaram as mudanças, principalmente quando voltaram as cadeiras reformadas pela MAG (colocamos no estofado um tecido resistente a garras felinas) e eles puderam novamente dormir sem preocupações.
Abaixo, cada um dos integrantes da equipe deixa sua perspectiva sobre a obra.
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Um relato de longe
Gica, a sócia do financeiro.
29/12
Gica: Vamos derrubar a parede?
Ju: Ah, acho que vai ficar melhor, né?
Jeff: Válido.
Gica: Beleza, me lembra de ligar pro pedreiro amanhã.
Ninguém lembrou, claro.
31/12
Lembrei e mandei um zap pro Carlos Pedreiro, ele foi fazer o orçamento. Jeff me mandou valor, concordamos e contratamos.
Só que ele só poderia fazer o serviço apenas no dia 06/01. Levaria apenas 1 dia, daí remarcamos nossa volta ao trabalho para o dia 08/01. Pra dar tempo de limpar e talz. (RISOS NERVOSOS)
07/01
Jeff me manda foto da sala pintada:
– Hein, Jeff, pergunta quanto fica pra pintar o restante da Libre e quanto demora.
Jeff: X do pintor e mais ou menos x de tinta.
– Ah, então dá pra fazer.
Jeff: Que cor?
– Escolhe aí. Você é o designer.
Aí começou a loucuragem, dei carta branca pro Jeff.
No outro dia, Julliane me manda uma mensagem:
– Você deu carta branca pro Jeff mesmo? Tem certeza?
– Por quê? Ixi.
– As cores que ele quer pintar… Eu mudei um pouco, mas esteja preparada.
– Você aprovou?
– Sim.
– Então tá bom.
E fiquei sem saber o que ele estava aprontando.
Só fui recebendo mensagem de compra no cartão, e-mail com nota fiscal, o coração dava uma acelerada a cada nova mensagem. Era X, mas foi Y e Z. Parecia obra da copa.
E o desespero de não saber como estava ficando? Meus sócios queriam fazer surpresa.
12/01
Voltei a Cascavel e fui direto pra Libre, foi mesmo uma grande surpresa. Caos define. Poeira, bagunça, homem lixando o chão, Luana e Adi fazendo arte na parede da varanda no meio de todas as coisas da Libre que estavam amontoadas lá, Julliane lixando a lixeira, Jeff pintando uma tábua de amarelo. Eu entrei, olhei, e fui embora. Sim, desesperei.
Na segunda à noite, conseguimos começar a limpar e o desespero foi dando lugar a uma alegria enorme. Ver nossa casinha tão bonita me deu esperança. 😊
16/01
Todes de volta e nossa equipe faceira com as mudanças.
A agência tá linda, tá colorida, tá Libre.
OBS.: eu fiquei impactada com as portas rosas, estou me acostumando, mas Jeff vai ter que pintar de roxo. Hahahahaahaha
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Até aí tudo bem
Dani, a Calabresa
A nossa volta estava marcada pra uma terça, dia 07/01. Um dia antes, na segunda, a Gica manda uma mensagem logo cedo no grupo: “Por conta das obras, começaremos o trabalho amanhã às 13h”. Até aí tudo bem, só bateu uma leve ansiedade em saber como estava ficando, ainda mais depois de ver uma foto da parede com um buraco. Uma hora depois, a Gica avisa que só íamos voltar na quarta, porque não ia dar tempo de arrumar tudo.
Então chegou um momento na semana que a Gica falou que iam levar os computadores pra gente trabalhar de casa, até arrumarem tudo na agência. Eu consegui lembrar minhas senhas, por incrível que pareça, e aí começou nosso home office. As conversas e piadas do dia a dia ficaram todas no famigerado WhatsApp, enquanto isso a ansiedade rolando solta por não sabermos o que estava acontecendo na Libre.
Dia 8/01 a Ju solta a seguinte frase “Vocês vão trabalhar em outra agência”. Nessa hora percebi que não era só uma parede que ia mudar. A curiosidade tomou conta, ainda mais por eu ser a única que mora mais longe de tudo e não tinha nem como dar uma passadinha na frente pra matar a curiosidade.
Enquanto os dias foram passando, eu deixei avisado em casa que não sabia ao certo que dia íamos voltar, mas todo dia, pelo menos umas duas vezes, minha mãe perguntava: “Amanhã você volta a trabalhar?” “Mãe, não sei ainda, estou esperando o pessoal avisar”. E assim seguimos até dia 16/01, quando finalmente voltamos.
Cheguei mais cedo e fiquei esperando o Herms e o Gab, ansiedade tomando conta. Tinha marca de tinta amarela na grama, só tinha visto a lixeira e já estava amando as cores. :heart:
Entrar na Libre foi como entrar em um novo lugar pela primeira vez, a parede de cactos maravilhosa, todas as portas ganharam novas cores e a sala da criação ganhou mais espaço. Às vezes, ainda fico meio confusa, igual ao Silver querendo entrar pela antiga porta do quartinho, mas meu amor por esse lugar só aumentou.
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O surto chega
Herms, o fotógrafo
Dia 7 de janeiro, Gica manda uma foto no grupo com uma parede no chão, falando que iríamos voltar apenas no outro dia às 13h. “Ah, tudo bem”. Gica, 8 de janeiro, “Gente vamos fazer home office até a reforma ficar pronta”. Eu: “QUÊ?”.
Jeff trouxe os PCs pra gente, até aí tudo bem. Trabalhamos bem plenos, mas ninguém mostrava como a Libre estava ficando e o surto tava chegando.
A ansiedade era enorme. Eu, Dani e Gabi conversávamos constantemente tentando especular sobre todos os detalhes possíveis da reforma, cada story parecia um mistério diferente.
O surto chegou um dia antes da nossa volta. Foi sofrido trabalhar em home office (não desejo isso pra ninguém em tempo integral). Home office é chato, você se sente sozinho, tudo que eu queria era dar um “Bom dia” como eu sempre dou, mas daí a gente acordava e ia pra frente o PC e queria se matar porque ninguém via ninguém. Mesmo eu sendo um dos mais quietos da agência, eu sentia muita falta das pessoas, do bate-papo, de tudo um pouco, mas, assim, conseguimos superar e chegou o grande dia.
Acho que voltamos dia 16. A recepção foi linda, seguraram a gente do lado de fora pra gente ficar mais ansioso do que estávamos, mas, enfim, entramos e a sensação foi acolhimento, cada detalhe fazia toda a diferença, foi lindo, algo material, mas que mexeu diretamente com meu coraçãozinho. Naquele momento, eu de verdade sentia que a Libre era e sempre será minha segunda casa. O sentimento de “Meu deus, eu faço parte desse lugar” foi verdadeiro.
Se sentir bem no seu local de trabalho é algo lindo de se imaginar e ainda mais rodeado de pessoas com quem você pode contar sempre! Obrigado, Libreses, amo vocês hoje e sempre. <3
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Aquele sobre a reforma da libre.
Gabs, o mais novo morador de Cascavel
Foram dias de muita ansiedade para saber como estava ficando o cantinho que tanto amamos. Eu falava com o Herms frequentemente: “O que será que está rolando por lá, será que voltamos amanhã?”.
As especulações eram diárias e pouco se sabia sobre o que estava acontecendo. Mas confiamos e seguimos firmes, pois nossa certeza é de que ficaria ainda mais lindo do que era.
O dia da revelação foi um verdadeiro Luciano Hulk entregando o Lar Doce Lar, só faltou musiquinha emocionante e o azulejo pendurado na parede. Foi uma alegria que só.
A reforma da Libre foi uma experiência muito doida e serviu para:
– Lembrar que estar na Libre é estar em uma segunda casa, que é tão acolhedor que dá saudade quando ficamos longe muito tempo.
– Trabalhar em casa não é tão bom quanto parece, principalmente quando você sente falta das conversas do dia, dos gatos e do conforto que é estar aqui.
– Perceber que o que é bom pode ficar ainda melhor e mais colorido haha.
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Jeffs, o diretor de criação
O alarme do relógio toca às 6h15.
De novo.
E por mais 8 dias.
Minhas impressões sobre a reforma:
NUNCA.
MAIS.
ACABA.
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Silver
Eu sou o dono da casa. Portas não podem ser fechadas para mim. Onde estão meus lugares de dormi. Meus humanos nunca me deixam em paz.
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Paçoca
OLHA, O PAPEL HIGIÊNICO.
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Recomendamos ainda os profissionais que nos ajudaram a deixar a Libre do nosso jeito:
Adão, o eletricista: 9 99170446
Carlos, o pedreiro: 9 99651651
A Libre 2020