Antes de falar sobre branding, vamos começar pelo que interessa, porque eu tenho mania de me alongar:
Double Chocolate Chip NY Style Cookie
Ingredientes:
230 g manteiga em cubos, gelada
160 g açúcar
160 g açúcar mascavo
450 g chocolate amargo ou meio amargo
430 g farinha
70 g cacau em pó
1 colher de chá de flor de sal
Pimenta a gosto
1/4 colher de chá bicarbonato de sódio
3 colheres de chá fermento em pó
2 ovos grandes + 1 gema
Modo de Preparo:
- Bata a manteiga gelada em uma batedeira para “quebrá-la” um pouco.
- Adicione os açúcares e misture. Várias bolinhas de manteiga e açúcar irão se formar.
- Adicione o chocolate picadinho e misture tudo.
- Adicione agora todos os secos, inclusive o fermento e o bicarbonato, e misture também. Sim, você está fazendo uma grande farofa doce.
- Bata os ovos e a gema separadamente para misturá-los e vá incorporando aos poucos na batedeira até virar uma massa.
- Pronto, agora é só dividir em bolas de 125 g (sem amassar muito, somente dar uma formatada de leve. Não é pra deixar redondinho, não, a irregularidade deixa o cookie muito mais bonito).
- Deixe as bolinhas de massa no congelador ou freezer por 20 minutos e pré-aqueça o forno a 180ºC com uma forma dentro.
- Coloque as bolinhas de massa congeladas na forma aquecida com um pedaço de papel manteiga – com cuidado pra não torrar a mão que nem eu fiz da primeira vez – e asse por 17 ou 18 minutos.
- Tire do forno e deixe esfriar por uns 15 minutos. Isso faz com que o cookie enrijeça por fora e mantenha a forma. Pode comer que ainda estará quentinho.
Firulas adicionais:
+ Ao pegar o cookie com as mãos, quebre ao meio e tenha a experiência completa. Crocante, cremoso e com gotas derretidinhas por dentro. Vale a pena.
+ Mantenha sempre bolinhas de massa prontas no congelador para momentos de desespero ou para surpreender visitas.
+ Não encha a forma de cookies na hora de assar. Eles vão derreter e expandir um pouco, mesmo que esse cookie tenha a proposta de ser mais altinho e não ser a folha de papel que é a receita tradicional.
Essa receita é da Cupcake Jemma, então, se você quiser ver o vídeo, tá aqui. Se preferir, pode me ver passando vergonha nos stories no vídeo abaixo.
Pronto, tendo dado conta disso, podemos falar sobre branding
Receitas existem porque alguém as fez e deu certo. Há um tempo implícito ali, além de um espaço e uma temperatura específicos. Ingredientes e variáveis que não são os mesmos que os seus. Os problemas enfrentados também não. Muito menos os objetivos. Vai funcionar com você? Não dá pra saber.
Em empresas, relatórios são como uma receita. Mostram os dados de performance do negócio e demonstram o potencial que podemos atingir se soubermos analisá-los. De nada adianta um relatório se não sabemos ler os dados. E não adianta saber ler dados se não entendemos o que está implícito neles.
A cozinha é dividida em técnicas e processos. Tem o salteado, a marinada, os milhares de cortes clássicos. A confeitaria, um dos grupos de técnicas e produtos da gastronomia, é conhecida por ser a de maior dificuldade, meticulosidade e empenho. Há um quê de obsessão nela. Obsessão por informação. Por compreender e controlar todas as variáveis durante a produção. É saber que 5 gramas a mais de farinha pode deixar a receita mais rígida ou que eu devo descansar o cookie por mais 15 minutos depois de tirá-lo do forno para que ele assente, ganhe crocância e para que você aproveite todas as sensações que ele pode proporcionar. Confeitaria é saber o que fazer, quando fazer, quanto fazer e, acima de tudo, o porquê de cada etapa.
Depois disso, é ter a ciência de que, em uma receita, tudo é adaptável. Não tenho açúcar mascavo. Beleza, faço com açúcar normal. Só não vai ficar tão úmido e cremosinho. Quer usar farinha de amêndoas? Usa lá e diz pra mim se funcionou. Ama pimenta? Faz igual a mim e torne sua receita doce surpreendente.Posso? Pode. É só pensar um pouco e achar o caminho. Tudo é adaptável, mas tudo tem o seu papel, função e leva a um resultado completamente diferente.
Planejar é uma forma de prever o futuro
O processo de cozinhar precisa de planejamento. Cozinhar é passar por todos esses processos, técnicas, porquês e resultados muito rapidamente. Deixou muito no fogo, sua comida queimou. Tirou muito cedo, vai estar crua. Não sabe que o grão de bico e a cebola têm tempos diferentes de cocção, um vai ficar duro e o outro pode até desaparecer. Planejar é deixar o grão de bico de molho por 12 horas, facilitando assim a cocção. Planejar é saber o resultado que você quer atingir e estudar as técnicas para não ser pego de surpresa.
Também faz parte do processo tornar a receita sua. Adaptar, testar, corrigir, testar novamente. O grande erro de um cozinheiro é depender apenas de receitas, porque deixa de escutar e sentir. Como diz Thomas Keller, em tradução livre: “Uma receita não tem alma. Você, enquanto cozinheiro, precisa dar alma a ela”.
Portanto, escute o que o ingrediente fala. Sinta a massa. Sinta o cheiro. Escute o que a comida está te dizendo e, se você fez o dever de casa, saberá o que fazer em seguida.
De nada adianta ter todo esse cuidado, entretanto, se quem for comer não gostar do que você preparou. De nada adianta um prato maravilhoso de cookies assados à perfeição em cima da mesa se o público tem alergia a chocolate. E de nada adianta um prato cheio de cookies todo o santo dia, afinal, comer sempre a mesma coisa enjoa.
Gestão de marca
Branding é potencial, processos e planejamento. Branding é constância e obsessão. Afeta toda as decisões da empresa. No branding, tal qual na cozinha, não se trata de ter controle sobre tudo, mas principalmente de escutar, propor e servir. Por isso, falar de branding é também uma forma de afeição e de gerar identificação entre marca e público.
Se não houver receita, talvez o resultado fique bom, mas não poderá ser feito novamente porque você não conseguirá reproduzir os processos. Criar o padrão, a receita, é permitir também que haja inovação para aprimorar os resultados. Ouça a clientela: os pratos estão sendo bem servidos tecnicamente e agradam o paladar do público? Caso não estejam, é preciso adaptar a receita.
Branding é criado PARA o público e, acima de tudo, PELO público. Sem público não há marca. Comida é para ser servida, para alimentar. Sem isso, é só mais um doce bonito na prateleira (ou mais uma peça bonita no portfólio): não serve pra nada.